quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Valores...


O maior problema da Academia do Sporting, ou da escola de formação do Sporting, é precisamente os talentos que já produziu e principalmente os valores das vendas dos mesmos. Desde Figo a Nani, passando por Simão, Boa Morte, Quaresma e Cristiano Ronaldo (pelo meio ficaram estrelas que nunca o foram, e que pouco ou nada renderam como Dani e Hugo Porfírio), o Sporting realizou fortunas com a venda destes jogadores (que nem sempre se impuseram nas equipas para onde se transferiram) e trouxe sobre si mesmo uma perspectiva de encaixes financeiros que são actualmente difíceis de realizar, para não dizer impossíveis.

Inteligentemente, numa altura em que o dinheiro parecia crescer nas àrvores, o Sporting blindou os seus jovens valores com cláusulas de rescisão que permitiram a jogadores como João Moutinho, Miguel Veloso, Pereirinha, Djállo, Rui Patrício e Daniel Carriço (entre outros) irem crescendo dentro do clube, com intuíto de os valorizar e acreditando que mais dia menos dia algum tubarão da Europa pagaria por ele valores semelhantes aos das suas cláusulas.

Aconteceram entretanto duas questões que alteraram esta inteligente realidade e à qual o Sporting não tem sabido reagir. Uma é sem dúvida a crise económica que nos acerca e que tornou menos comum as transferências milionárias e a outra é o facto dos jogadores em questão não valerem os valores das suas cláusulas de rescisão. E sobre esta última parte, convém lembrar que o valor dos passes dos jogadores não é o valor das suas cláusulas de rescisão.

Racionalmente, a verdade é que o jogador mais importante do Sporting, João Moutinho, valerá cerca de 10 milhões de Euros, e que Miguel Veloso nem metade disso. Sem fazer as contas e sem ter os valores certos dos passes, diria que para atingir os 25 milhões das cláusulas de rescisão dos jovens valores do Sporting, se calhar nem se os vendesse a todos lá chegavam em termos reais. Por isso, o Sporting enfrenta os problemas actuais.

Por um lado, os jogadores querem sair. João Moutinho já referiu que queria sair, Miguel Veloso apreogoa-o aos ventos e os outros também começam a querer dar o salto. Por outro lado, o Sporting precisa de os vender, sob pena de entrar em espirais de dividas irrecuperáveis. E aqui residem os verdadeiros problemas. Se uns querem sair e os outros querem vender, então estão todos de acordo, mas nem uma coisa nem outra acontecesse. Porquê?

Já atrás descrevi que o Sporting tem expectativas que não são realizaveis quanto aos valores de venda, se bem que admito que encarem a possibilidade de os negociar abaixo dos valores das cláusulas, mas nesse caso o que dirá a direcção aos adeptos, aos sócios ou aos associados da associação dos adeptos (Nota: o que é isto? São adeptos dos adeptos do clube?) que esperam e exigem que os jogadores sejam todos vendidos apenas e só pelas cláusulas de rescisão?

Daí a importância do jogo de hoje com a Fiorentina, um resultado positivo permitirá ao Sporting o encaixe financeiro que não consegue retirar pela venda dos jogadores (pelo menos não actualmente) e folgará as finanças do clube. Os jogadores também jogarão o que não jogam contra o Braga e Nacional porque a montra é outra e a possibilidade de se valorizarem muito maior (ou alguém acredita que não foi por isso que jogaram bem na primeira mão).

Pela minha parte, e com os devidos patriotismos e contas para o ranking da UEFA, espero que a eliminatória de hoje lhes corra mal. Seria hipócrita da minha parte afirmar o contrário. Para o nosso Benfica será sempre melhor que façam a receita que necessitam com a venda de um qualquer jogador (preferencialmente Moutinho) do que com os milhões da Champions, e pessoalmente, acredito que o Sporting poderá contribuir mais para o ranking de Portugal se participar na Liga Europa do que na Liga dos Campeões.

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